Como se tornar um mecânico especialista em injeção eletrônica

Atualizado em 31 de maio de 2021

Com a alta quantidade de veículos existentes no Brasil, as oficinas apostam cada vez mais em serviços de reparos no sistema de injeção eletrônica automotiva

A indústria automotiva evoluiu. Hoje em dia, os motores exigem mais potência, respostas rápidas e economia de combustível. Acrescente a essa lista a necessidade em diminuir a emissão de gases na atmosfera. Para suprir essa demanda surge a injeção eletrônica. O sistema, além de contribuir com o meio ambiente, também proporciona aos motoristas uma experiência mais agradável.

A injeção eletrônica apresenta diversas vantagens em relação ao uso do carburador: partidas mais rápidas mesmo em dias frios, maior potência, menor consumo de combustível, rendimento do motor, menor emissão de poluentes e mais economia para o bolso do cliente.

Resumindo, a injeção eletrônica permite que o motor trabalhe em condições mais eficientes e econômicas.

Com certeza, esse sistema ganhou espaço no controle do motor de combustão interna e, hoje, representa uma série de investimentos das grandes montadoras, sejam de veículos leves ou pesados.

O mesmo reflete no consumidor que, a cada vez mais, faz uso de veículos modernos e tecnológicos. Com isso, para os profissionais da área mecânica se torna imprescindível conhecer os componentes do sistema de injeção, inclusive as estratégias de funcionamento do Unidade de controle eletrônico.

Sistema de injeção eletrônica: o que é?

A injeção eletrônica automotiva baseia-se no atuação dos sensores (que funcionam como dispositivos de entrada) e dos atuadores (dispositivos de saída). O módulo de controle, que é o cérebro do sistema, processa os sinais elétricos dos sensores para acionar os atuadores, a fim de obter o melhor controle do rendimento do motor em todas as mudanças de condição e funcionamento.

Existem dois tipos de injeção eletrônica:

  1. Injeção eletrônica digital: os procedimentos são automatizados e ocorrem por meio de um software. Para facilitar o trabalho do mecânico, nesse modelo são gerados relatórios que detalham as condições do motor, além permitir atualizações e contribuir para o desempenho geral do sistema.
  2. Injeção eletrônica analógica: é um modelo mais simples, em que os sensores emitem respostas eletrônicas automáticas, utilizando-se apenas de uma linha de comando. A identificação de problemas na injeção analógica é menos complexa, pois os sinais de falha costumam ser evidentes. Por outro lado, não há a emissão de relatórios do sistema.

O módulo de injeção eletrônica funciona basicamente em três etapas: a coleta de dados (sinais de entrada), o processamento dos sinais e a atuação (sinais de comando).

Sobre o armazenamento de dados presente na injeção eletrônica destacam-se: a memória RAM (Random Access Memory), que salva as informações enquanto está ligada; e a memória EPROM (Erasable Programmable Ready-Only Memory), onde se encontra o algoritmo de controle do motor, além de manter os dados salvos mesmo que desligada.

Quais os componentes do sistema de injeção eletrônica?

O sistema de injeção é composto basicamente por sensores, atuadores, unidade de controle eletrônico (módulo de controle).

Sensores

Analisam o funcionamento do motor e transferem informações para a unidade de comando. Os sensores estão localizados em pontos estratégicos e verificam diversos aspectos do motor: temperatura, pressão, velocidade, reagentes da combustão, entre outros.

Mesmo que algum deles apresente alguma pane, o veículo vai continuar funcionando, pois o módulo de injeção eletrônica registra esse problema. O que ocorre é que os defeitos nos sensores podem representar falhas na injeção, elevando o consumo de combustível e reduzindo a potência do automóvel.

Para detectar problemas nos sensores fique atento à luz de injeção do painel. Quando você vira a chave na ignição, a central de injeção eletrônica é acionada e uma luz se acende no painel do carro. Com o funcionamento do veículo, os pistões se movimentam e o sensor de rotação identifica a atividade. Se tudo estiver correto, a luz do painel vai se apagar em poucos segundos.

Atuadores

Estes componentes respondem aos comandos enviados pela unidade de controle e atuam diretamente com a alimentação e queima de combustível no motor. Quando a ECU recebe informações dos sensores, ela utiliza-as para organizar, de maneira mais eficiente, o funcionamento dos atuadores.

Alguns exemplos de atuadores pertencentes ao sistema de injeção eletrônica são: bicos injetores, bobina de faísca, motor de passo, ventoinha de arrefecimento, válvula de purga do cânister. Enfim, são eles que auxiliam na correção do ponto de ignição, no comando das válvulas e na adaptação de marchas mais lentas.

A bomba de combustível também se enquadra neste grupo. Ela é considerada uma peça de extrema importância para o funcionamento do veículo,pois tem função super definida: promover o transporte de combustível do tanque para o motor. O modelo de bomba elétrica é utilizado em veículos modernos, equipados com injeção eletrônica (em veículos mais antigos, a bomba costumava ser mecânica), e movidos à gasolina, etanol ou diesel.

Esse componente precisa de alimentação/corrente elétrica e, portanto, não depende da rotação do motor para funcionar. Mesmo assim, se apresentar defeitos, a bomba elétrica pode comprometer a potência e, até mesmo, a parada completa do motor.

Unidade de Controle Eletrônico

A Engine Control Unit (ECU), também conhecida como central de informações, controla todo o sistema eletrônico do motor. Esse componente gerencia o funcionamento do motor a partir das informações que são enviadas pelos sensores, ao mesmo tempo que envia novos comandos aos atuadores.

A principal função da ECU é regular a injeção de combustível e combustão interna do automóvel. Além disso, por estar conectada a outros componentes do motor, a central de informações também cumpre função de análise: ela armazena dados do veículo, parâmetros de fábrica e realiza diagnósticos sobre o sistema eletrônico e o estado do motor. Não à toa é considerada o cérebro do módulo de injeção eletrônica.

Por que trabalhar com reparos nessa área?

Uma coisa é certa: se o sistema de injeção eletrônica começar a apresentar falhas, o veículo do seu cliente, automaticamente, consumirá mais combustível e aumentará a emissão de gases poluentes. Para não comprometer outros sistemas, os problemas precisam ser identificados e corrigidos.

Vale salientar que a manutenção preventiva do sistema de injeção eletrônica é a opção mais inteligente, segura e econômica para o cliente. A ação evita quebras desnecessárias e, muitas vezes, inesperadas que colocariam o motorista e os passageiros em situação de risco. Além disso, também há grande redução nos custos com reparos e economia de combustível.

Já para o profissional mecânico, vale lembrar que os reparos do Sistema de Injeção Eletrônica estão relacionados a cinco principais defeitos apresentados pelo sistema: problemas na alimentação; falhas nos sensores e atuadores; fiação e fusíveis danificados; danos no módulo e seus conectores; e irregularidades que se estendem a outros sistemas e dispositivos do veículo, comprometendo a funcionalidade da injeção eletrônica.

Para otimizar os serviços:

  • Faça um diagnóstico eletrônico de todos os possíveis defeitos do sistema e do motor;
  • Verifique a estrutura das peças pertencentes à injeção eletrônica, principalmente de sensores e atuadores, componentes responsáveis pelo envio e recebimento de sinais elétricos;
  • Se preciso, realize a manutenção e reprogramação do sistema.


Os profissionais que desejarem atuar nesse mercado irão encontrar, muito provavelmente, alta demanda de serviços e mão de obra escassa. Isso ocorre porque a injeção eletrônica é um dos sistemas mais complexas de um veículo, exigindo conhecimentos mecânicos, eletrônicos, de informática, e habilidades no manuseio de aparelhos de diagnóstico e na leitura dos dados.

Ao se especializar em injeção eletrônica, você também cria um diferencial competitivo para o seu negócio. A função serve como atrativo para que as oficinas mecânicas realizem a venda de outros serviços complementares: alinhamento, balanceamento, regulagem de peças e demais consertos já realizados.

Formação em injeção eletrônica automotiva

Para quem deseja aprender mais sobre o sistema de injeção eletrônica, existem diversas instituições que oferecem especializações na área. A profissionalização costuma exigir investimentos mais altos, mas com uma boa pesquisa você pode encontrar cursos que possibilitam o aprendizado de forma simples, realizados online (educação à distância) e com valores que cabem no seu bolso.

Ainda assim, ao procurar por um curso de mecânico de injeção eletrônica é preciso estar atento ao conteúdo programado – do básico ao avançado – e aos materiais necessários para a teoria e prática das aulas – apostilas, multímetro, caneta de polaridade, scanner, osciloscópio, entre outros. Lembre-se também de conferir se, ao final dos estudos, é disponibilizado o certificado de conclusão do curso. Só assim você poderá comprovar sua qualificação.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com unidades em diversas regiões do país, é um dos espaços que mais oferece oportunidades para a especialização profissional no setor mecânico. No curso Mecânico de Injeção Eletrônica, por exemplo, são desenvolvidas competências relativas à manutenção e testes no sistema de Injeção Eletrônica de veículos leves, de acordo com normas e procedimentos técnicos, ambientais e de segurança.

A programação do curso envolve pontos como a análise e diagnóstico de falhas; o descarte correto de resíduos sólidos e líquidos; a inspeção dos componentes do sistema; a interpretação de informações prestadas tanto pelo cliente, quanto pelo aparelho de teste da injeção eletrônica; a realização de testes nos sensores e atuadores; o desenvolvimento de soluções de defeitos para os sistemas de arrefecimento, alimentação e ignição eletrônica; bem como a seleção e utilização de ferramentas e equipamentos específicos.

Além do Senai, você pode optar por qualquer outra instituição de ensino, de acordo com a necessidade da sua oficina mecânica. Se atualizar das novidades do mercado de trabalho e investir constantemente em conhecimento são ações que refletem positivamente no seu negócio.

Pense nisso e boa sorte!

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