Nos estudos de diagnóstico automotivo, nosso professor Laerte Rabelo recordou a frase de um instrutor antigo: “Primeiro, você mata o problema no papel. Depois, vai para o carro”. Para começarmos a falar sobre o assunto, é primordial compreender essa frase.
De nada adianta você ter o melhor osciloscópio, scanner, multímetro, transdutores de pressão, etc. Essas ferramentas são, sim, muito importantes para o processo. Entretanto, sozinhas, elas não podem fornecer tudo que é preciso para fazer um reparo eficiente.
Treinamentos, literatura técnica, tempo de experiência e muita vontade são diferenciais para você conseguir desenvolver um bom trabalho. É fundamental, também, para interpretar as informações, dicas e estratégias que vamos te mostrar aqui.
Se você quiser separar um tempo para assistir nossa aula completa sobre literatura técnica e diagnóstico, é só acessar o material completo abaixo.
O que é o diagnóstico automotivo?
O diagnóstico automotivo é um processo analítico para encontrar a causa de um problema no carro.
Pela ideia que a imagem sugere, temos um processo a ser seguido.
Primeiro, recebemos o sintoma. Geralmente, é o motivo que faz com que o cliente procure a oficina. Por isso, a entrevista consultiva é muito importante. Você pode encontrar detalhes fundamentais para avançar no processo.
Com o sintoma identificado, devemos fazer o diagnóstico de falhas. Ou seja, o que está gerando tal sintoma. A partir disso, definimos a causa: que, fatalmente, é a origem da nossa falha.
Percebe a importância de termos um processo, isso é, uma sequência de procedimentos no diagnóstico veicular? Agora, aquela frase do antigo professor, faz muito mais sentido.
Matamos o problema no papel. Não saímos desmontando o veículo de qualquer jeito. Este é o último passo. Desmontar o veículo a torto e a direito, faz com que você perca tempo e corra riscos desnecessários.
Veja a explicação do consultor técnico do Simplo, Laerte Rabelo, sobre cada uma das etapas do processo.
Sintomas
É a manifestação da falha que pode ser vista, ouvida, sentida ou medida.
Vista: luzes no painel, vazamento de óleo, fumaça no motor, entre outras.
Ouvida: barulhos no rolamento, motor, correia, entre outros.
Sentida: temperatura, carro falhando, ar-condicionado que não funciona, entre outros.
Medidas: para medir um sintoma é necessário usar um aparelho de diagnóstico automotivo como multímetro, scanner e osciloscópio.
Falha
A falha em reparo automotivo é a anomalia presente em algum componente ou sistema e que prejudica o seu perfeito funcionamento. Em outras palavras é o defeito presente no carro.
Digamos que o veículo que não pegue por não ter não ter sinal no sensor de rotação. O problema pode ser no próprio o sensor de rotação, mas pode ser também o chicote ou o módulo que não está alimentando.
Então até aqui nós temos o sintoma e a falha, entender esses dois é fundamental para o passo final: a causa.
Causa
A causa de um defeito no carro é o motivo, a razão, a origem pela qual ocorreu a falha.
Vejamos um exemplo. No processo de diagnóstico o cliente está reclamando que a luz de injeção está acesa.
Ao conectar o scanner acusou P0301, que é falha de combustão no cilindro 1. O que pode ser bico, ignição ou compreensão. No decorrer do processo, após conversar com o cliente, foi descoberto que o defeito está no bico, ou seja, a causa do problema é o bico.
Por isso, a conversa consultiva com o cliente é fundamental. Devem ser perguntas abertas que ao invés de “sim ou “não” o cliente fale o que está acontecendo para você reter o máximo de informações possíveis.
Então, na conversa consultiva com o cliente, você descobre os sintomas. Na sequência, observa as falhas e com base nelas faz o uso do scanner para descobrir a causa. Mas o scanner não vai trazer um resultado exato, e sim aproximado, então comparamos o resultado do scanner com as respostas do cliente e as falhas.
Pré-requisitos para o diagnóstico automotivo
Quais são os pré-requisitos para um bom diagnóstico automotivo?
Reparador: é o profissional que detém o conhecimento sobre o sistema mecânico e eletroeletrônico do veículo.
Ferramentas: scanner, multímetro, osciloscópio e literatura técnica, que darão suporte e apoio na realização dos testes. Para ficar por dentro dos principais equipamentos para reparadores, acesse o nosso conteúdo: Ferramentas Automotivas Especiais.
Estratégias: é o mapa, o caminho a ser seguido até a causa da anomalia.
A partir do momento que o reparador descobre o defeito por meio das ferramentas, é chegada a hora de bolar uma estratégia para fazer o serviço de uma forma rápida e direto ao ponto.
Passos para um diagnóstico ágil e eficiente
1.Conversa com o cliente: o proprietário chega à oficina e reclama que o veículo está falhando. Faça perguntas sobre os sintomas apresentados pelo carro, pois quanto mais informações você obtiver sobre o defeito, melhor e mais rápido será feito o diagnóstico.
Para mapear e direcionar o reparo, confira alguns questionamentos iniciais: em que situação de uso o carro falha? Ela acontece com motor frio ou quente? Quando foi feita a última manutenção no motor do carro?
2. Detecção do problema: para facilitar o diagnóstico, muitos reparadores costumam andar com o veículo. Ao dirigir, eles simulam eventuais condições de falhas ou defeitos reclamados. Depois dessa constatação, é possível ter uma base de qual sistema está provocando a anomalia (sistema de alimentação, ignição, injeção eletrônica, motor, sincronismo, entre outros).
3. Preparação do material: chegou a hora de organizar os equipamentos e o material técnico necessário para o diagnóstico e reparo do veículo. Esquemas elétricos, manuais de manutenção e informações técnicas (que estejam relacionadas aos sistemas analisados) são importantes.
Entre os equipamentos, além do osciloscópio, do scanner e do multímetro automotivo, tenha em mãos a caneta de polaridade; o medidor de pressão de compressão; a bomba de vácuo; o analisador de gases, entre outros.
4. Interpretação do código de defeitos: se utilizar o scanner, você deve fazer a leitura de códigos de defeitos no sistema de injeção eletrônica. Anote os códigos encontrados e, após isso, efetue os testes específicos do componente para o código que aparece no visor, verifique o seu funcionamento e constate o defeito.
5. Manutenção: depois de constatado o problema, você pode efetuar a correção, manutenção ou troca do componente, de acordo com o necessário em cada um dos casos. Após, utilize o aparelho de diagnóstico automotivo e verifique novamente a leitura dos códigos de defeitos. Se a anomalia estiver resolvida, não ocorrerão mais códigos e o motor funcionará sem falhas.
6. Teste o veículo: andar mais uma vez com o veículo serve como teste final. Na hora de entregar o serviço ao cliente, peça para ele dirigir e perceber a solução do defeito do qual reclamava. Explique qual e o porquê de determinada falha, qual a manutenção efetuada e mostre os componentes substituídos.
Além de informar tudo o que foi feito para resolver o problema, essa conversa final demonstra confiabilidade e bom atendimento. Com certeza, é algo positivo para o cliente, fazendo com que ele procure novamente pelo seu serviço.
Para interpretar cada código de falha durante o diagnóstico é importante contar com um programa para diagnóstico automotivo.
Programa para diagnóstico automotivo
Uma ferramenta de diagnóstico veicular de suma importância para reparadores, são os manuais técnicos automotivos.
Em virtude do grande crescimento na tecnologia automotiva, é impossível decorar como funciona o sistema de cada veículo.
Então, esse sistema de diagnóstico veicular disponibiliza todo o acervo de informação que você precisa para esmiuçar o problema e fazer o reparo. Veja mais detalhes acessando nosso conteúdo sobre manuais técnicos.
Aparelho de diagnóstico automotivo
Alguns dos aparelhos utilizados para o diagnóstico veicular são o scanner automotivo, o osciloscópio, multímetro automotivo e o transdutor de pressão. Para conseguir interpretar as informações emitidas, é importante que a ferramenta escolhida esteja capacitada para a função, o que inclui a atualização do hardware e software, quando necessária.
Um bom aparelho de diagnóstico é indispensável para as oficinas de manutenção automotiva que aderiram à tecnologia mais avançada. Os modelos disponíveis para a compra costumam abranger todas as montadoras do país, porém é importante que o mecânico reconheça sua demanda de serviço e as necessidades do mercado antes de adquirir o aparelho.
Existe uma grande variedade entre os sistemas nacionais e importados, por isso, vale conferir a disponibilidade e profundidade de cada diagnóstico. Na hora de escolher o aparelho para o diagnóstico automotivo, seja um scanner, multímetro ou osciloscópio, observe os leitores de código e as funções existentes para a leitura e limpeza das informações.
Como o mercado exige uma atualização constante dos seus profissionais, investir em orientação técnica e assistência em relação ao uso desses e outros equipamentos também são ações válidas para melhorar o atendimento da sua oficina.
Scanner
O scanner acessa e exibe em sua tela as informações de todos os dispositivos operacionais que compõem os sistemas de gerenciamento eletrônico do automóvel. A exibição ocorre em tempo real e há a capacidade de analisar sistemas eletrônicos de veículos tanto da linha leve, quanto da linha pesada.
O scanner estabelece uma conexão entre os diferentes sistemas e o técnico automotivo, o que torna possível corrigir falhas e garantir o bom funcionamento do veículo.
Esse aparelho identifica diferentes códigos de falhas, o que permite ao mecânico buscar em manuais ou guias qual a forma correta para corrigir o problema do veículo. Por possuir um protocolo de comunicação completo, o scanner automotivo facilita o acesso mais profundo aos sistemas. Mesmo assim, é preciso atualizar a ferramenta regularmente para que ela disponibilize todas as suas funcionalidades corretamente.
Além disso, o scanner consegue fazer todas as medições de parâmetros (medir tensão da sonda lambda, se a mistura do combustível está “rica ou pobre”, e até quantos amperes o alternador está enviando para a bateria do veículo), proporcionando ao reparador um gráfico com os dados apresentados pelo veículo.
Osciloscópio
Permite a aquisição de sinais elétricos e as medidas instantâneas destes sinais, emitidos numa tela/display na qual podem ser vistos fenômenos transitórios em formas de onda. A apresentação ocorre por meio de gráficos, onde o eixo x representa o tempo e o eixo y informa a tensão em volts ou a corrente em Ampere.
Essa ferramenta costuma estar presente no dia a dia dos reparadores automotivos, pois facilita a interpretação das informações. O osciloscópio tem uma infinidade de aplicações, pois realiza diagnósticos mais precisos sobre falhas nos sistemas embarcados dos veículos, sensores e circuitos integrados.
O osciloscópio pode observar sinais de sons, luz modulada, movimentos, entre outros. Hoje em dia, o osciloscópio digital além de capturar esses sinais, também consegue armazenar em nuvem os dados registrados, emular instrumentos (voltímetro) e transmitir as mensagens para um computador.
A digitalização e armazenamento dos dados é um recurso tecnológico importante para os reparadores: as informações podem ser usadas para posteriores avaliações; podem ser recebidos dados adicionais, como a tensão de pico e frequência; ou as ondas dos sinais podem ser importadas para que outros usuários usem como base para teste.
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Multímetro
É um instrumento de diagnóstico capaz de fazer vários tipos de medição. A mais comum delas é a medida de tensão, que pode ser contínua ou alternada. Além disso, o aparelho também mede a corrente e a resistência elétrica.
Nesse caso, a medição ocorre em Ohms, que é a unidade de medida da resistência elétrica, correspondendo à relação entre a tensão (medida em volts) e uma corrente (medida em amperes) sobre um elemento, seja ele um condutor ou isolante.
O multímetro costuma ser utilizado em situações estáticas, com o motor desligado ou para detectar algum defeito pontual nos componentes eletrônicos. Durante o diagnóstico do sistema, os multímetros possibilitam a verificação das rotações por minuto (RPM); a amperagem da bateria do veículo; e a conferência de diferentes sensores, como o de temperatura do líquido de arrefecimento e pressão do óleo, por exemplo.
Transdutores de pressão
O transdutor de pressão é um dispositivo que tem por função transformar as variações de pressão em sinais elétricos. Para que isso seja possível, é necessário conectá-lo a um osciloscópio e, então, os sinais aparecem por meios gráficos e códigos no visor.
Abaixo, os principais componentes que podem ser diagnosticados e suas possíveis falhas, caso o transdutor esteja analisando a variação de pressão no coletor de admissão.
- Vácuo do coletor de admissão (TVA)
- Pressão do cárter (TVC)
- Pressão no escapamento (TVE)
- Cabeçote quanto à desgaste da sede de válvulas.
- Comando de válvulas quanto à quebra, aplicação errada, empeno ou deslocamento dos cames, caso sejam montados por interferência
- Junta do cabeçote quanto desgaste ou ruptura, entre outros
Um alerta sobre ferramentas de diagnóstico veicular
Como já citado, existe uma série de ferramentas de diagnóstico veicular para auxiliar o reparador. Rabelo alerta que devemos fazer o diagnóstico com diversos equipamentos, pois uma ferramenta complementa a outra.
Um erro comum é acreditar que o scanner pode fazer todos os diagnósticos sozinho. Ressaltamos, que somente o scanner não vai trazer todos os resultados. Ele pode acusar defeito na sonda lambda, por exemplo. Porém, a sonda lambda está informando que tem um problema no motor.
Erroneamente, é trocada a sonda, sendo que o problema está no motor. Ou seja, é necessário interpretação. Você pode ver outras ferramentas no vídeo completo do curso de diagnóstico automotivo, que se encontra no final desse artigo.
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