O descarte de resíduos de oficina mecânica deve ser prioridade para o reparador, todos os dias. Afinal, faz parte do cuidado com o meio ambiente e com o bom funcionamento da oficina.
Toda empresa, independente do segmento de atuação precisa ter um planejamento para descartar os resíduos, mesmo que seja apenas papéis e lixo orgânico.
Com a oficina mecânica não é diferente, principalmente porque existe o descarte de componentes, óleo, filtros usados e outros poluentes.
A coleta de resíduos de oficina mecânica inclui o descarte de peças, pneus, estopas, papel e embalagens plásticas.
Muitas vezes, as destinações tratam de reciclar os materiais ou usar os restos de produtos como combustível alternativo, para o processo de refino do óleo ou para queima em fornos de cimento.
Confira como é possível fazer a gestão adequada de resíduos de oficina mecânica e contribuir positivamente com o meio ambiente.
Por que descartar corretamente os resíduos da oficina mecânica?
Grande parte do material produzido em oficinas mecânicas, se descartado de forma incorreta, pode causar sérios problemas para o meio ambiente.
O tratamento inadequado destes resíduos pode degradar a qualidade das águas e dos solos, além de intensificar outros problemas ligados à poluição.
Com isso, muitas empresas perceberam a necessidade de desenvolver um negócio mais sustentável.
O primeiro passo para alcançar a boa gestão de tratamento de resíduos sólidos e líquidos é conscientizar os profissionais da oficina mecânica sobre a importância do tema.
Depois disso, você precisa entender como a legislação também prevê ações para a causa.
As normas da ISO 14000 (International Organization for Standardization) determinam diretrizes para garantir que empresas públicas ou privadas pratiquem a gestão ambiental.
Estas normas são conhecidas pelo Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Conforme a organização, a gestão ambiental consiste em um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos que permitem reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente.
No Brasil, o órgão responsável pela adoção de medidas e resoluções que é o Conama, criado pela Lei Federal nº 6.938/81.
Os brasileiros também contam com planos estabelecidos com valor jurídico para o assunto.
Um deles é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), um documento técnico que analisa e confirma a capacidade de empresas descartarem, de forma correta, os resíduos que originam.
Para regularizar as atividades relacionadas à reparação de veículos automotores é importante que as oficinas mecânicas atentem para o destino adequado dos resíduos e práticas que reduzam a geração dos resíduos sólidos e que façam a separação/reciclagem dos materiais.
Quais resíduos gerados em oficinas mecânicas?
Os resíduos são as sobras de produtos originadas a partir de procedimentos relativos a alguma atividade humana.
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os resíduos podem ser sólidos ou líquidos.
- Líquidos: provenientes das drenagens dos fluídos dos veículos, como direção hidráulica, óleo lubrificante do motor, fluído de freio, do sistema de arrefecimento, caixa de câmbio e emulsões oleosas.
- Sólidos: são utilizados em serviços de reparação e manutenção, como panos e estopas, embalagens de produtos, vidros, baterias, lâmpadas, pneus, graxa, espelhos, peças de plástico, policarbonato, aço, metal, entre outras.
Nas oficinas mecânicas, o tratamento, armazenamento, transporte e destinação final destes produtos auxiliam no controle e na prevenção de possíveis impactos ambientais.
Conforme a ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados, ainda, de acordo com as características de periculosidade que apresentam. Eles se dividem em dois grupos:
Classe I – perigosos
São todos os resíduos com propriedades físicas, químicas ou infecciosas que, quando gerenciados de forma inadequada, oferecem riscos e danos à saúde pública e ao meio ambiente.
Para ser considerado perigoso, o determinado resíduo deve constar nos anexos A ou B da NBR 10004, bem como apresentar características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Alguns exemplos dos resíduos perigosos são:
- Óleo lubrificante usado;
- Baterias, visto que possuem componentes elétricos à base de chumbo;
- Lâmpadas fluorescentes, que após o uso apresentam vapor de mercúrio;
- Efluentes líquidos de pintura industrial, cujo tratamento resulta na geração de iodo.
Classe II – Não perigosos
Os resíduos não perigosos são divididos em inertes e não inertes e apresentam propriedades distintas.
Os inertes são aqueles que quando submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não oferecem reações que afetam a potabilidade de água.
Pneus, vidros e latas de alumínio, por exemplo, fazem parte deste grupo.
Os resíduos não inertes são biodegradáveis, comburentes ou solúveis em água.
Ao mesmo tempo, eles não se enquadram na classificação de perigosos, como por exemplo, papéis não contaminados.
Como implantar um plano de gerenciamento de resíduos?
O processo de gestão da oficina inclui as mudanças nos hábitos da empresa, atualização constante e monitoramento das atividades adotadas.
Com isso, os resultados podem ser percebidos a médio e longo prazos.
Na execução do descarte correto de materiais não é diferente.
Além de servir como estímulo ao serviço, adotar um plano de gerenciamento de resíduos significa vantagens que vão desde a redução de custos e impactos ambientais, até a diminuição de acidentes dentro do espaço de trabalho.
Outro ponto importante a ser considerado é o aumento da credibilidade com o cliente, pois o cliente irá avaliar como positiva a preocupação da oficina com o meio ambiente.
Etapas do gerenciamento de resíduos de oficina mecânica
Mas, antes de chegar à destinação efetiva dos resíduos produzidos dentro da oficina, são necessárias três etapas:
- Captação dos resíduos: é o momento onde é realizada a retirada dos resíduos do local em que eles estão acumulados, ou seja, da oficina mecânica. Nesta etapa são analisados o tipo e o volume de cada material a ser descartado. Para otimizar esse processo, existem profissionais com experiência e veículos destinados a cada um dos tipos de resíduo existentes.
- Separação: depois de coletados, os resíduos precisam ser tratados de forma específica: corte, refino, trituração, limpeza, centrifugação, dentre outros procedimentos. Após, alguns materiais se tornam aptos para a reciclagem, reutilização ou destinação a novas indústrias que o utilizem como matéria-prima.
- Destino: por fim, o material é destinado de acordo com as normas e a legislação vigente. Quando a gestão e tratamento de resíduos estão sendo implementados de maneira correta, o descarte dos mesmos acontece, consequentemente, sem prejuízo para o meio ambiente. Ao administrar esse processo, sua oficina pode receber o certificado de responsabilidade ambiental.
Você deve estar se perguntando: como funciona o descarte de resíduos em oficinas de motos? A regra vale para qualquer tipo de estabelecimento que trabalhe com mecânica, seja motos, carros e veículos pesados.
Descarte de resíduos de oficina mecânica
O Conama estabelece um código de cores para os diferentes tipos de resíduos.
A medida facilita a identificação dos coletores e transportadores, afim de contribuir com a reciclagem dos materiais.
Que tal conferir as cores para a separação correta dos resíduos e implantar as lixeiras necessárias aí na sua oficina?
Cor | Resíduos | Descarte | Não descarte |
---|---|---|---|
Azul | Papéis secos e papelão | Jornal, revista, folha de caderno, envelopes | Papel higiênico, guardanapos |
Vermelha | Plástico e isopor | Copos, sacolas, recipientes garrafas PET | Espuma, acrílico, adesivos |
Verde | Vidro | Garrafas, potes, cacos de vidro | Espelho, óculos, cerâmica |
Amarela | Metal | Lacres, ferragens, arames, canos, chapas, parafusos, ferramentas | Grampos, clipes, latas de tinta ou verniz, solventes ou químicos |
Laranja | Resíduos perigosos ou contaminados | Pilhas, baterias, óleos, produtos eletrônicos, lâmpadas, tintas, produtos químicos | Outros tipos de resíduos |
Roxa | Resíduos radioativos | Solvente aquoso ou orgânico, materiais radioativos ou contaminados | Resíduos não radioativos |
Marrom | Lixo orgânico | Frutas, saquinho de chá, filtro de café, legumes, biscoitos | Remédios, poeira, gorduras e óleos, ossos, produtos químicos |
Preta | Madeira | Caixas, palito de dente, móveis | Parafusos e pregos |
Cinza | Resíduos gerais, não recicláveis e não passíveis de separação | Fraldas, absorventes, papel higiênico, adesivos, poeira, guardanapos, restos de carne | Resíduos que podem ser reciclados |
7Rs para oficina mecânica
Além de contribuir com a coleta de resíduos, você também pode praticar ações que visem o consumo sustentável dentro da oficina mecânica. Uma dica simples para isso é contar com as transformações dos 7Rs:
- repense
- reintegre
- responsabilize-se
- recuse
- reduza
- reaproveite
- recicle
A partir disso, o descarte correto de resíduos da oficina fica mais fácil e você também conseguirá pensar em novas ideias que incentivem tanto seu quadro de profissionais, quanto seus clientes a se conscientizarem sobre o assunto.
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