Análise da topologia das redes de comunicação com scanner e literatura técnica

homem mecânico que trabalha com reparação automotiva com tablet na mão

Atualizado em 3 de novembro de 2023

Confira detalhes da análise da topologia das redes de comunicação do veículo Peugeot 2008 ano 2016.

Fala, amigo reparador, tudo bem?

Esse texto é para você que quer fazer diagnósticos mais rápidos e assertivos desse sistema e ter mais lucratividade em sua oficina.

Multiplexagem e outros conceitos

Nos projetos de eletrônica embarcada, em veículos desenvolvidos a partir da multiplexagem, foram reduzidos em média de 2.500 pra 1.000 metros a quantidade de cabos em comparação ao modelo anterior, sem essa rede.

A multiplexagem significa transmitir simultaneamente duas ou mais informações, por meio de uma única via, em nosso caso, através de cabos.

Ela estabelece possibilidades de evoluções no âmbito da eletrônica embarcada, já que seu princípio de funcionamento elimina consideravelmente a quantidade de cabos, sensores, conectores e unidades de comando.

Fazendo uma analogia com a internet, para buscar uma informação em um determinado site, você deve possuir meios físicos (computador, conexão), acesso a um provedor e também um código de acesso, chamado de endereço eletrônico.

Em um veículo, a rede multiplexada está interligada por meio de uma central eletrônica “Gateway” (módulo de interface – ex: BCM), que recebe, processa e distribui as informações da rede proveniente de sensores, atuadores e das unidades de comando.

Esta central eletrônica pode ser comparada a um provedor de internet.

As informações que chegam das unidades de comando são codificadas, isto é, são comparadas ao endereço eletrônico da internet.

Como se as unidades de comando acessassem as informações de um sensor (site), através da central eletrônica (provedor de internet), e as redes se encarregassem de propagar o código digital (endereço eletrônico).

As vias de comunicação da rede multiplexada podem ser de cabos de cobre, fibra óptica, ondas de rádio, entre outros, por estas trafegam sinais elétricos (tensão, corrente elétrica) ondas eletromagnéticas ou luz.

análise da topologia das redes de comunicação

Análise da topologia da rede de comunicação com scanner

Alguns scanners comercializados no Brasil apresentam um recurso que facilita o diagnóstico de falhas relacionadas aos problemas de comunicação entre os módulos de controle.

Ele mostra a disposição dos módulos as ligações entre si e com o conector de diagnóstico, conforme a imagem a seguir.

Ao observar a figura vemos que os módulos em verde correspondem aos que estão se comunicando e não apresentam códigos de falhas, os módulos em amarelo se comunicam.

Porém, têm códigos de falhas em sua memória, e por fim, os módulos na cor marrom não estão se comunicando ou não se aplicam a essa versão do veículo sob análise.

Para a aplicação dessa função do scanner e da literatura técnica no diagnóstico de falhas, vamos mostrar um caso de estudo com o passo a passo de como resolvemos o problema do veículo.

Caso de estudo

Um veículo Ford EcoSport 1.5 3 cilindros ano 2016 chegou de reboque na Simcar, o centro de diagnóstico automotivo avançado do Simplo, pois não entrava em funcionamento.

Antes de partir para o diagnóstico propriamente dito, realizamos o planejamento com o passo a passo dos testes que vamos realizar para concluir de forma mais rápida o diagnóstico.

Realizada essa importante etapa, demos início a execução dos testes.

Utilizando o scanner fizemos a verificação da rede de comunicação através da função topologia da rede, como exibe a figura a seguir:

Ao analisar a topologia, identificamos facilmente que o módulo de controle do motor PCM não está se comunicando com os demais módulos, situação confirmada através da leitura dos códigos de falhas presentes nos demais módulos.

A partir desse ponto iniciamos os testes referentes à alimentação e aterramento do módulo PCM, para tanto, tínhamos que ter em mãos o esquema elétrico do sistema de injeção desse veículo.

esquema elétrico do sistema de injeção

Utilizando o multímetro, conferimos se estava chegando alimentação no conector B pino 41 na PCM, constatamos que o circuito está funcionando perfeitamente.

teste com multímetro

Prosseguindo com os testes, partimos para a medição da tensão da rede CAN alta e baixa, mas antes tivemos que consultar novamente o esquema elétrico.

Após a consulta, partimos para os testes no conector da PCM.

Primeiro medimos a rede CAN alta.

Ao ler o resultado da medição, vimos que o valor lido indica que a rede CAN alta não apresenta problemas.

Para garantir que não havia nenhuma diferença entre o valor lido no conector do PCM e o valor presente no conector de diagnóstico decidimos fazer a medição diretamente no conector OBD através da Smart CAN Box.

Constatamos que ambas as leituras apresentavam o mesmo valor de tensão confirmando que a rede CAN alta está em perfeito funcionamento.

Para concluir a análise da rede CAN faltava ainda realizar a medição da rede CAN baixa.

Desta forma medimos no conector B pino 76 o valor de tensão da rede CAN baixa.

Conferindo com o valor de tensão lido diretamente no conector OBD, confirmamos o bom funcionamento da rede CAN baixa.

Para finalizar a verificação da alimentação do módulo PCM restava apenas a medição dos pinos A/18, B/97 e B/98 protegidos pelo fusível F20 de 20A.

Ao realizarmos as medições nos pinos 97 e 99 do conector B, com a ignição ligada, encontramos o seguinte valor de tensão:

Conclusões e soluções

Vimos claramente que a alimentação via relé da PCM não está chegando no módulo de controle do motor.

Desta forma, decidimos verificar o estado do fusível F20 de 20A e do respectivo relé.

Para identificar a localização do fusível e relé consultamos novamente o manual técnico, para visualizar a caixa de fusíveis do vão do motor.

Após a identificação, começamos a verificar o estado do fusível.

Constatamos que o fusível estava em perfeito funcionamento.

Restava apenas verificar o estado do relé principal, assim, identificamos o relé e realizamos o teste.

Identificamos que o relé estava com mau funcionamento, então, substituímos por outro relé novo e fizemos uma nova verificação nos pinos 97 e 99 do conector B do módulo do motor.

Para confirmar a assertividade do diagnóstico, fizemos uma nova varredura com o scanner para confirmar a comunicação do módulo do motor com os demais presentes na rede CAN.

Demos partida no veículo e rapidamente o motor entrou em funcionamento, confirmando assim, mais um diagnóstico realizado com sucesso.

Até a próxima!!!

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